sábado, 27 de abril de 2013

Programa 1 milhão de cisternas: dez anos de investimentos contraditórios no semiárido. Entrevista IHU On-Line com Roberto Malvezzi


Após completar dez anos, o Programa 1 Milhão de Cisternas mudou a perspectiva de vida e convivência com o semiárido, diz Roberto Malvezzi à IHU On-Line. “Com ele deixamos de focar nas grandes obras e dirigimos o olhar para cada casa, cada caso, como uma rendeira tece sua peça ponto a ponto”. Com quase 500 mil cisternas que beneficiam 2,5 milhões de pessoas, “o programa tornou possível que grande parte das famílias tenha água no pé da casa, ao contrário de buscar lama a quilômetros de distância, ainda que nesse momento muitas cisternas tenham que ser abastecidas por pipas”, destacou Malvezzi em entrevista concedida por e-mail.

Apesar das mudanças positivas em relação à distribuição da água, Malvezzi salienta que a política do governo federal em relação ao semiárido é “cheia de contradições. Ao mesmo tempo em que apoia a ASA, permitiu o contrato das cisternas de polietileno. Ao mesmo tempo em que faz algumas adutoras pela seca, continua jogando bilhões num ralo chamado transposição. O governo não tem uma política definida. Segue a reboque das pressões que sofre”, lamenta.

Roberto Malvezzi é graduado em Estudos Sociais e em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena, em São Paulo. Também é graduado em Teologia pelo Instituto Teológico de São Paulo. Atualmente atua na Comissão Pastoral da Terra – CPT.

Confira a entrevista.
Roberto Malvezzi

IHU On-Line - Por que o Programa 1 Milhão de Cisternas ainda não conseguiu atingir sua meta dez anos depois de ser implementado?

Roberto Malvezzi - O programa é uma revolução no semiárido. Com ele deixamos de focar nas grandes obras e dirigimos o olhar para cada casa, cada caso, como uma rendeira tece sua peça ponto a ponto. Já estamos com quase 500 mil cisternas, beneficiando aproximadamente 2,5 milhões de pessoas. Essa é a diferença da seca de trinta anos atrás para a de hoje. O programa tornou possível que grande parte das famílias tenha água no pé da casa, ao contrário de buscar lama a quilômetros de distância, ainda que nesse momento muitas cisternas tenham que ser abastecidas por pipas. Mas não são todas. Muitas regiões tiveram chuva e elas estão abastecidas normalmente por suas águas. A região mais crítica, sertão de Pernambuco, teve chuva nesses dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário